"Problemas não são vistos como de dentro da cabeça das pessoas. Ao invés disso há uma 'despatologização' dos problemas. Problemas são resultado de relações interpessoais desordenadas. Consequentemente, o diagnóstico é uma atividade que enquadra o problema apresentado em termos de relacionamento interpessoal e de desenvolvimento experienciado pelo indivíduo e sua família. Do mesmo modo, a terapia é direcionada no sentido de fazer um rearranjo nas relações de maneira que o crescimento do indivíduo possa ser maximizado. Acompanhando a redução do diagnóstico orientado para patologia vem uma correspondente redução da chamada resistência.
Adicionalmente, na Terapia Estratégica, o terapeuta é ativo e é aquele que fundamentalmente é responsável por iniciar o movimento terapêutico. Isso é realizado através da introdução de material na sessão de terapia e pelo uso de tarefas extra-sessão. Ou seja, a terapia não espera até que o cliente, espontaneamente, traga o material a ser trabalhado; ao invés disso o terapeuta frequentemente estabelece o processo e desafia o cliente a mudar e a crescer.
Finalmente, a Terapia Estratégica está interessada em fazer os clientes se moverem. O movimento será em suas vidas, fora do consultório do terapeuta, e o tempo da sessão será usado para este fim. As tarefas são dadas, logicamente, para que os clientes executem ações escolhidas nas sessÕes. O uso de anedotas, metáforas e sugestões indiretas são planejadas para motivar os clientes a terem, durante a sessão, novos comportamentos relacionais ou que se engajem na tarefa de casa. A mudança ocorre principalmente a partir do aprendizado trazido das novas ações, não apenas do insight ou compreensões - que podem ocorrer mais lentamente no decorrer das transformações ou no confronto com situações similares relacionadas a metáforas. Consequentemente, a compreensão do cliente ou insight sobre o problema não é de central importância durante a sessão terapêutica. A questão de central importância é a participação do cliente em novas experiências e transações que solidifiquem padrões relacionais de desenvolvimento saudáveis ou melhor adaptados".
(Giovana Dal Bianco Perlin - Pós-doutoranda em Psicologia - UnB)
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